Ótimos efeitos especiais e apenas uma atuação interessante não conseguem salvar essa história sem nenhum apelo

Mais uma vez, a Sony Pictures pega um personagem famoso e amado como vilão para trazer ao cinema como herói. Do jeitinho que fez com o Venom, melou o Morbius.
Não é o pior filme do ano, e pode ser que Morbius venha recebendo críticas mais duras do que merece. Mas é como disse o site Arroba Nerd: “não é tão ruim quanto parecia ser, só que também não é bom”.
atuações
Jared Leto interpreta o cientista Michael Morbius, que sofre uma mudança dramática em seu organismo e comportamento. Mas, na performance do ator, não se nota nem grandes mudanças nem drama. Leto, que recebeu o merecido Framboesa de Ouro por Casa Gucci, não convence.
Matt Smith, conhecido por brilhar em Doctor Who e The Crown, é quem demonstra grande versatilidade e emoção, interpretando o único personagem interessante do filme — Milo, amigo de infância de Morbius. Acertando de novo, Miguel Morales coloca dessa forma, para o Arroba Nerd:
Quem realmente comanda o filme é Matt Smith (…) que entrega as melhores passagens dramáticas, sem dúvidas.
No demais, ninguém do elenco faz um trabalho ruim. Todos convencem, ninguém emociona, o que é culpa do roteiro, assim como boa parte do flop de Leto.
AÇÃO E EFEITOS ESPECIAIS
As cenas de ação demoram a surgir e não são muitas. Quando chegam, desapontam. Em algumas sequências mais visualmente poluídas, fica difícil enxergar o que está na tela. Não deve ser fácil fazer um filme de vampiro para menores.

Os efeitos visuais mais elaborados, como cenários gerados por computação, o poder de ecolocalização, e cenas de destruição, fazem seu papel. O problema é, para variar, os corpos criados interiamente em CGI. Meio mal iluminado, como o recente Cavaleiro da Lua, que comentamos aqui.
O mais difícil é o que ficou melhor: os close-ups de rostos deformados. Morbius apresenta trejeitos animalescos por diversas vezes, e seu rosto se desfigura por frações de segundo, e essas transformações são a coisa visual mais legal do filme todo.
HISTÓRIA E PERSONAGENS
Morbius é uma história de origem, e tudo gira em torno do protagonista. Os demais personagens praticamente não têm vida própria ou histórias paralelas nem motivações claras. Estão ali apenas para contar a história do Vampirão, e isso deixa a desejar. Nem o vilão do filme tem muitas camadas, e o desfecho que recebe não segue a lógica do personagem.

Não sabemos o que leva Martine Bancroft, inicialmente contrária às ambições de Morbius, a ficar ao seu lado até o fim. Ninguém conta por que o experimento de Morbius tem um efeito nele e outro em Milo. Como história de origem, funciona bem só para o protagonista. E olhe lá, porque não sabemos o que o move, qual o grau de romance entre ele e sua colega, doutora Bancroft, e o embate ideológico de Michael com seu adversário parece tirado de Power Rangers, de 2017. Com uma história mal elaborada assim, a gente fica sem motivo para torcer para o herói em qualquer sentido.
Existe, parece, uma pressa para introduzir novos personagens que ampliem o universo Marvel com a Sony Pictures, e isso rende histórias rasas e fúteis como as de Venom. Morbius não é tão ruim quanto Venom: Tempo de Carnificina, mas é, no máximo, como o primeiro — esquecível. Essa celeridade por parte do estúdio reflete na narrativa de Morbius, que parece corrida ao mesmo tempo em que se arrasta.
ASSISTIR OU NÃO?
Se você não acompanha o universo Marvel, não precisa ver esse filme. Caso seja uma Marvete, veja o filme pelas cenas pós-crédito, para não ficar perdido no que vai aparecer em lançamentos futuros da franquia. Mas já sabendo que o trailer é melhor que o longa. Filmes bobinhos apenas para distrair, tem de monte por aí, e que divertem bem mais.
AVALIAÇÃO: